sábado, 18 de janeiro de 2014

Põe na conta do médico.

     A criança foi concebida em uma condição desfavorável, os pais nunca tinham ouvido falar que um filho deveria ser um projeto de vida. A mesma carência determinou um relacionamento conturbado entre os pais, violência, um pré natal irregular, álcool e tabaco. O parto, no serviço público, foi uma correria. No início com a criança era muita festa, mas passou rápido. Houve conquistas, mas veio muita responsabilidade também. As vacinas atrasaram, a puericultura foi errática, não entendiam bem para que isso tudo. Um grande problema foi na primeira pneumonia, só conseguiram internação num hospital muito longe e por influência de um político.
       Quis o destino, ou estava escrito, mas a catástrofe aconteceu. Moravam em uma região muito perigosa, onde carros apostavam corridas todas as noites, em uma delas a criança foi atropelada. Na emergência foi percebido uma desmotivação na equipe e logo souberam, que estava desfalcada do cirurgião, embora nada pudesse ser feito.
       Daí surgiu a imprensa, ganharam notoriedade e reforço em cobrar pela falta do médico. Muitas promessas foram feitas, dentre elas a jornalista que abria o noticiário todo dia dizendo, a criança que morreu, porque não tinha cirurgião...
     Uma história longa de uma sociedade que exclui seus cidadãos da forma mais perversa, que é negando educação. E na hora de um apelo comovente, despeja todas as acões negativas que toda a sociedade promoveu na conta de quem pega só as consequências.

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