terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Qual será a função do clínico?

    A complexidade é gratuita. A computação cognitiva tem como característica principal o fato do sistema aprender. Tarefas repetitivas serão quase que imediatamente substituídas pela inteligência artificial. Tarefas complexas, que podem ser decompostas em inúmeros passos repetitivos, ou de memória também serão substituídas pela IA. Essa lógica sugere que o diagnóstico e a terapêutica, bem como o acompanhamento do paciente serão melhor realizados pelos sistemas inteligentes. A pergunta a ser respondida é qual será a função do clínico? Muitos defendem que será a tradução do sistema, ou seja, caberia ao clínico explicar o que foi feito pela IA. Essa tradução é possível e talvez pertinente, mas esbarra na dependência de clínicos treinados, um profissional que poderá se extinguir em pouquíssimo tempo, ou reinventado. Uma segunda hipótese envolve uma tendência mais recente da medicina, que defende que tão importante quanto decidir tecnicamente correto é adaptar essa correição às expectativas e às características individuais, mas acessadas por meio da empatia e compaixão e não por tabelas de classificação. Talvez esteja aí, nessa convergência com as ações, já muito bem estabelecidas do corpo de enfermagem, associando à tradução, ao auxílio na compreensão dos diversos mecanismos biológicos, suas relações com o ambiente, as toxicidades, as disfunções o real valor da presença do clínico.

quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Como Serão os Médicos do Futuro?

   Não ficam muitas duvidas em relação ao futuro da profissão médica, pelo menos na forma como convencionalmente ela é conhecida. Basta um breve levantamento das atividades e suas substituições.  Já existe tecnologia que reconhece e interpreta a fala. Sensores com capacidade de aferir os principais sistemas e órgãos estão disponíveis. A capacidade de interpretação de imagem digital por computador supera a humana. O grande laboratório virou uma caixinha e a amostra de sangue passou a ser de apenas uma gota.
       Se juntarmos a isso um sistema inteligente, que trabalha com todas as variáveis (Big Data) e é capaz de varrer em segundos toda a literatura médica de alto nível e identificar correlações (inteligência artificial) acabamos de montar uma máquina com capacidade superior a qualquer clínico.
        E a conclusão é que a profissão médica na forma como é conhecida vai acabar. Naturalmente outras demandas de naturezas diversas deverão ser preenchidas por quem tem experiência na área. Um exemplo citado, mas que necessita ser melhor explorado é a tão badalada empatia, mas na sua forma técnica e não altruísta, se bem que fica difícil imaginar tal fragmentação. A capacidade de se colocar na condição do outro e perceber suas angústias não explicitadas, mais do que bondade, talvez seja o novo desafio para os futuros médicos. 

terça-feira, 30 de maio de 2017

Medicina do século XXI

              Cuidado paliativo é uma nova perspectiva oferecida aos pacientes para os quais já se tenham exauridos os protocolos convencionais, não tendo mais sentido enfrentar os sofrimento dos efeitos colaterais e os riscos muitas vezes fatais das iatrogenias. Com o tempo verificou-se que muitos doentes melhoravam significativamente, principalmente aqueles que aderiam a um estilo de vida melhor, através da prática de exercícios físicos, aderência a uma dieta natural e o trabalho incessante para ajustar a qualidade do sono. Parece paradoxal que em condições muito desfavoráveis ainda se consiga inserir tais comportamentos, mas tudo indica que sempre e em qualquer medida, os benefícios virão.
            Slowmedicine ou medicina sem pressa, de origem italiana, surge como uma maneira mais humana e correta de exercer a medicina, em que o ato de ouvir atentamente o paciente e a sua família demonstram o interesse no paciente e ajudam a definir quais procedimentos médicos devem ser tomados com a intenção de oferecer um tratamento personalizado e de precisão. É interessante reconhecer que o movimento vem ganhando tamanho e expressão em diversos países devido aos bons resultados, principalmente no que se refere á capacidade de evitar atropelos e processos assoberbados que estressam ainda mais o paciente e trazem uma péssima experiência para a família.
               Chosing wisely, ou escolhendo com sabedoria foi desenvolvido nos Estados Unidos a partir da constatação de que diversas práticas impostas após complexos estudos científicos trouxeram outros efeitos não previstos. Como exemplo podemos citar o uso do indiscriminado da  medida do PSA no sangue para diagnóstico de câncer de próstata. Embora tenha salvado algumas pessoas, com certeza o tratamento decorrente criou uma legião de homens com incontinência urinária e disfunção erétil. Portanto se fazem necessárias revisões contínuas de todas os protocolos para que a medicina recupere a sua máxima do primum non nocere, primeiro não prejudicar.
              Empowerment ou empoderamento, palavra que não existe no português, mas muito utilizada talvez pela falta de outra melhor que significa formar um cidadão com maior conhecimento sobre biologia, fisiologia, bioquímica ou seja dar uma maior capacidade de compreensão da saúde para que as pessoas: se sintam mais responsáveis pela sua própria, tenham atitudes saudáveis, saibam reconhecer as questões específicas ambientais deletérias, garantam sistemas sustentáveis e no fim, que estejam aptas a discutir com o seu médico o que realmente lhes interessa em cima da realidade que se apresenta. Consequentemente veio o Do it yourself, faça você mesmo.
                  Estes são alguns indicativos, tem muitos outros, de que estamos a procura de um ambiente menos hostil, mais traquilo e inteligente para aquelas horas tão complicadas, em que o nosso maior patrimônio se descompensa e desequilibra. São conquistas muito contundentes no rumo de uma experiência mais pacífica e equilibrada.
                        

terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Novos Tempos

O que se pretende com isso?
1) Os Serviços Públicos vão se deteriorar nos próximos anos, já que não haverá mais investimentos. Isso abre espaço para as organizações sociais e todos os tipos de terceirizações.
Essas terceirizações serão legalizaras pelo STF e pelo Congresso.
2) As Universidades Públicas foram sucateadas pelo Governo, que vai continuar a estimular as faculdades particulares. Menos senso crítico da população, que está sendo preparado para ter foco e se salvar independente do outro. O fomento à pesquisa foi pro beleléu.
3) Da mesma forma o ensino secundário foi reformado com fins utilitaristas, ou seja criar mão de obra. Na mesma toada da escola sem partidos.
4) Vai sobrar dinheiro para o Governo através do arrecadado pela previdência e aí não haverá aumento de impostos.
5) A legislação trabalhista também será modificada para melhorar a condição do empregador. Essa semana saiu que o trabalhador brasileiro já ganha menos que o chinês.
6) A Segurança Pública vem sendo sistematicamente trabalhada para oprimir as manifestações populares, através de um movimento junto a mídia de valorização das atitudes violentas, independente de quem as tenha praticado.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Medicina translacional

        From bench to the bedside. Todos usamos essa frase em nossas apresentações em um período em que se acreditava que os laboratórios, com todas as variáveis fixadas, seriam a fonte de todo o conhecimento, que posteriormente deveriam ser inseridos na prática. 
       O tempo passou e o grande laboratório passou a ser o dia a dia. A vida real registrada a cada instante por sensores, câmera fotográfica, gravações, testes rápidos etc. Daí vem o Big data e trabalho individualizado com auxílio da inteligência artificial.
      Resultado de um novo paradigma em que o translacional passa a ser a arte de organizar os diversos algoritmos de maneira que facilite a interação entre o sujeito e a máquina. Uma curadoria digital da saúde.

sábado, 22 de novembro de 2014

Medicina Digital

         A American Heart Association inicia o seu caminho pela modernidade. Enfim reconhece o poder das novas mídias e assume que novas tecnologias serão capazes de oferecer muito mais conhecimento, por um preço muito menor. 
             Grandes coortes como a de Framingham, estudo que acompanha pacientes por muitos anos, podem se sofisticar, se passarem  a se utilizar de uma nova tecnologia conhecida como Big Data.  Esses dados passam a ser obtidos do smartphone de cada participante do estudo.
             Esse é um grande e corajoso passo em direção a estudos mais complexos. Pode se aumentar o número de variáveis aproximando o laboratório da vida real.

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Exponencial Medicine 2014

                       Dentre tantos questionamentos deixados ao final de cada conferência, chamou muita atenção a importância crescente dada a flora microbiota.
                        O ser humano tem mais células bacterianas do que teciduais próprias. Estas células são responsáveis pela metabolização de diversas substâncias, que vão interferir de forma definitiva no funcionamento de todos os órgãos. Um bom exemplo disso é a constatação publicada recentemente da relação de uso de adoçantes artificiais e resistência à insulina. 
                   Foi comentado então qual estudo genético seria o mais importante a ser feito no momento, o genoma ou o microbioma? Medicina personalizada.